Desfecho
Ação da Defensoria Pública pode definir translado do estudante até a Bahia
Custo para transferir Gerlânio Alves, 31, é de R$ 67 mil; ele perdeu a fala e os movimentos do lado direito do corpo e
Flávio Neves -
O ataque brutal ao estudante de Direito da UFPel Gerlânio Alves virou notícia em abril de 2015. Dez meses depois ele continua internado no Hospital Universitário São Francisco de Paula (HUSFP), mas uma ação movida pela Defensoria Pública da União pode fazer com que finalmente a situação mude. Ele pode ser transferido para sua cidade natal, na Bahia, nas próximas semanas.
Os custos seriam divididos entre União, Estado e município. Esta seria a solução encontrada pela Justiça, ainda que Gerlânio não se recupere totalmente dos traumas sofridos.
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Enquanto isso, o drama continua. Ele recebeu alta médica em junho, mas não saiu do Hospital por precisar de cuidados especiais em casa e a família não possuir condições de bancar a difícil viagem até Teixeira de Freitas (Sul da Bahia, a 2,6 mil quilômetros de Pelotas).
Embora esteja consciente, o acadêmico só movimenta o lado esquerdo do corpo e não fala. Quem não sai de seu lado é a mãe, Neusa Vieira, 54. Ao ter a vida tocada pela tragédia, ela precisou deixar a pequena propriedade rural onde vivia com o marido para cuidar do filho.
Desde então, não saiu mais de perto de Gerlânio. Até agora o hospital fornece a alimentação e atendimento médico necessários ao estudante. Uma campanha feita por alunos nas redes sociais ajudou no custeio de alguns tratamentos. Uma empresa irá ceder uma bomba de infusão necessária para sua alimentação, mas o pagamento de uma proteína especial está sendo solicitado na Justiça.
O juiz já deferiu apoio dos governos municipal, estadual e federal para translado, alimentação, serviços médicos e insumos destinados a seu atendimento. Segundo Neusa, o estudante precisa de fonoaudiólogo, psicólogo, fisioterapeuta, fraldas e medicamentos.
De acordo com o defensor público federal Júnior Amaral, após a liminar do juiz é esperada a resposta dos órgãos para realizar a transferência (cerca de R$ 67 mil) e remédios (R$ 23 mil por um ano), ainda sem data para ocorrer.
O que diz a UFPel
De acordo com a pró-reitora de Assuntos Estudantis, Ediane Acunha, a UFPel prestou assistência acompanhando os estudantes envolvidos na briga durante o atendimento no hospital.
Durante os primeiros meses a assistente social chefe do Núcleo Psicopedagógico fez visitas diárias para acompanhar a evolução do quadro e dar apoio à família.
Quando o quadro estabilizou, tentou-se agilizar uma forma de levar Gerlânio de volta pra casa, mas a mãe teria preferido buscar uma forma de mantê-lo por mais tempo em Pelotas. Nesse ponto, o acompanhamento cessou, uma vez que a UFPel teria limites burocráticos para continuar prestando auxílio.
Entenda
Gerlânio completou 31 anos no leito do Hospital. Veio morar em Pelotas para estudar Direito na UFPel. Na madrugada do dia 26 de abril de 2015, ele e um amigo teriam sido agredidos a pauladas ao tentar ajudar dois colegas, vítimas de um assalto ocorrido próximo à Morada Provisória da UFPel, localizada no Fragata.
Em meio a várias versões para o caso, o que se sabe é que o estudante sofreu traumatismo craniano e, em coma, ficou alguns dias internado na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do HUSFP.
O caso está sendo investigado pela 3ª Delegacia de Polícia de Pelotas. De acordo com a titular, Valquíria Meder, no momento testemunhas do fato continuam sendo ouvidas, mas há dificuldade porque muitas não vivem mais na cidade.
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